Acordamos. Pouco depois de calarmos o despertador, as notícias vão-nos entrando despedaçadas pelos ouvidos dentro, no meio da nossa luta contra o sono. Fica-nos na memória o resto de uma reportagem sobre o caso Madie. No metro, no autocarro ou ao chegar à faculdade alguém nos dá um gratuito. Os olhos correm pelas poucas páginas daquele jornal. A morte de frio de um sem abrigo provoca um breve momento de incomodo. Guardamos o jornal na mochila para aproveitar o sodoku para uma aula teórica. Depois das aulas, vamos à sala de informática. Vemos os mails. Abrimos o messenger. Ao nosso lado, um professor lê o Público. Continuam a aumentar as vítimas do terrorismo. Na nossa cabeça ressoa uma pergunta: como se pode lutar assim? À noite, enquanto cumprimentamos a nossa mãe ao chegar a casa, ouvimos o Rodrigo Guedes de Carvalho, na Sic, falar de uma descoberta qualquer que pode ajudar os doentes de SIDA. À noite, ao voltar do cinema o olhar de um personagem fica gravado na memória.Muitas vezes é assim que o mundo nos entra pelos sentidos. Mais ou menos aos pedaços. Como peças de um puzzle que temos dificuldade de encaixar.